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segunda-feira, 26 de junho de 2023

Informação correta é fundamental. Jornalista é imprescindível.

Jornalismo, Sempre 

Em 1984, fui a uma reunião da Comissão de Assessoria de Imprensa do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo por convite de Wilson Baroncelli, que trabalhava no Grupo Pão de Açúcar como eu. Passei a frequentar as reuniões das quartas à noite e  fiz amizades sólidas e queridas. E foi embalada por essa lembrança que li sobre o V Congresso dos Jornalistas Portugueses que acontecerá no próximo ano em Lisboa e terá a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Souza em cerimônia de abertura. 

Fui em busca de informações sobre o encontro, cujo tema é “Jornalismo, Sempre” e que irá debater o exercício da profissão em condições dignas, seus desafios e oportunidades de melhoria. A Comissão Organizadora tem na presidência o jornalista e professor de jornalismo Pedro Coelho, que trabalha na SIC (cuja TV tem parceria com a Rede Globo). Ela reúne mais de 50 jornalistas de diferentes gerações, plataformas e professores de jornalismo. Pedro e os integrantes do grupo de trabalho Proximidade têm viajado o país para ouvir as angústias dos jornalistas em encontros nas várias regiões do continente, Madeira e Açores.  


Pedro Coelho no périplo em Açores

Então, nesse périplo, no sábado de 3 de junho no Porto, mais de 12 jornalistas dedicaram a tarde quente para se reunirem na Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto. E lá estava eu, para conhecer os jornalistas em uma casa que respira história. Afinal, são 141 anos reunindo centenas de escritores, jornalistas, atores e artistas plásticos. Ainda que o nome menciona homens de letras, apenas 16 anos após a sua fundação, em 1901, surge a primeira mulher, Clorinda de Macedo, professora e poetisa (ainda volto ao tema no futuro).

Edifício que abriga a
Associação dos Jornalistas
e Homens de Letras do Porto 


Foi curioso ouvir diferentes relatos que se assemelham ao momento vivido no Brasil. Será que o papel vai acabar? Será que as redações dos veículos, como conhecemos, estão fadadas à falência? E a tecnologia que traz consigo a Inteligência Artificial irá ocupar o lugar de pessoas que exercem o árduo ofício de questionar em busca da informação correta?  

Em certo momento, uma jovem dá um depoimento comovente, ao falar das dificuldades em ser jornalista e lutar por melhores condições profissionais. “Muitos colegas meus perguntam por que eu ainda frequento os encontros para debater os rumos do jornalismo”. 

Pedro Coelho então é enfático, respondendo que é preciso continuar a batalha e não desistir. Salários baixos, precariedade no exercício da profissão, legislação a ser atualizada. Esses são alguns dos desafios enfrentados por muitos jornalistas que atuam em veículos como o Diário de Notícias, criado em 1864, o mais antigo veículo a funcionar e que corre o risco de fechar (esperemos que isso não ocorra). 

Hoje em dia (e já há um bom tempo) esse é o panorama vivido por profissionais e veículos de imprensa em muitos países.

Debater, questionar e encontrar saídas para o jornalismo


Vale dizer que comprar jornais impressos aqui é um hábito que logo a gente adquire – como é bom ver pessoas consumindo notícias em papel! E tem ainda veículos exclusivamente criados online e plataformas de notícias, além das tevês e rádios. Escuto a M80 que traz boa música quando dirijo por aqui.

A escrita nos jornais é atraente, a crítica é contumaz e inteligente. Há semanários (O Gaiense retrata a vida em Vila Nova de Gaia onde moro). Há os especializados como o quinzenal Jornal de Letras que traz notícias do mundo da literatura e artes. 

Alguns jornais e revistas de Portugal

Tenho já meus preferidos. Assinei o Público (que tem uma parceria com a Folha de S.Paulo) e nos finais de semana, compro o Expresso com sua revista, que circula às sextas e cujo exemplar é guardado para mim por Cristina, da lojinha que vende revistas, bilhetes da Loteria e é também  posto do CTT (a estatal Correios e Telecomunicações de Portugal) no bairro. Semanalmente, quando chego, Cristina abre um sorriso e diz:

- Boa tarde, dona Lena, aqui está o Expresso. Ah, e serão lançadas biografias nas próximas semanas  com a revista Sábado (já pedi para guardar a de Winston Churchill!).  

A lojinha e posto CTT onde compro 
revistas e jornais  e ainda 
 envio cartões e cartas pelo correio

Em Portugal, segundo dados da ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social  - em dezembro de 2022 havia 1.710 publicações periódicas, 301 empresas jornalísticas e 181 serviços de programas distribuídos exclusivamente pela internet. 

A comunicação será ainda mais abordada em futuro post.  Afinal, esse é o mundo a que pertenço profissionalmente, que vivi no Brasil e que estou a conhecer em terras portuguesas.

Serviço:

V Congresso dos Jornalistas Portugueses: Jornalismo, Sempre.

Local:  Cinema São Jorge, em Lisboa

Data: 18 a 21 de janeiro de 2024

Painéis: Ética e Condições de Trabalho, Acesso à Profissão, Memória (comemorações dos 50 anos do 25 de Abril), Jornalismo de Proximidade, Financiamento do Jornalismo e Novas Fronteiras do Jornalismo. Haverá ainda mesas redondas (nomeadas por aqui como pontos de fuga), diversas dinâmicas, masterclasses. 

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Pets são da família

 Pets são da família 

Quando a gente muda, seguem conosco gatinhos, cachorros, passarinhos. Afinal, pets fazem parte da família. No meu caso, por vários motivos, tomei a difícil decisão de buscar outro lar para Merlin e Aquiles, gatos que me acompanharam nos últimos cinco anos e meio. Felizmente, Lurdeca, a amiga que doou ambos, os recebeu de volta. Somente depois que eles partiram, iniciei a preparação para vir para cá. Animais são sensíveis e percebem qualquer movimento para mudança. 

Talvez seja por sentir falta dos gatinhos ou de Spock, Golden Retriever de minha irmã Vera e integrante da família e que nos deixou em fevereiro do ano passado aos nove anos,  tenho observado com mais atenção os pets e sua relação com as pessoas.

Há aquelas abnegadas, como a vizinha de nosso andar, a dona Maria Augusta. Além dos dois gatinhos que tem, ainda cuida de mais sete que circulam pela rua. São alimentados duas vezes ao dia com comida feita por ela, que ainda cuida das casinhas protegidas contra chuva e frio abrigadas em um espaço verde - divisa com muros da  Escola Básica do Meiral  e em frente ao condomínio onde moramos. 


Dona Augusta 
e os gatinhos



Este está velhinho e durante o dia fica
na porta do condomínio

As casinhas arrumadas para os gatinhos. 

A Câmara de Vila Nova de Gaia (como chama-se a prefeitura aqui em Portugal) tem site com fotos e descritivo de cães e gatos para doação. E é preciso muito esforço, pois todo o ano são abandonados cerca de 10 mil animais. O abandono é crime e pode ser punido com pena de prisão até seis meses ou com pena de multa até 60 dias. 

PATA, a plataforma de adoção
faz campanhas frequentes

Segundo matéria do site PIT – Pets in Town, abrigado na plataforma iOL, atualmente, o país tem cerca de 2,890 milhões de cães e 512 mil felinos. E como são obtidos esses números? Simples. O registro é obrigatório por lei para cães, gatos e furões nascidos em Portugal ou residentes no país há mais de 120 dias. No caso de cães, há oito tipos de categorias e seus donos precisam apresentar boletim sanitário, vacina de raiva e microchip instalado. Ao serem registrados no SIAC – Sistema de Informação de Animais de Companhia, é possível acompanhar a evolução de pets no país. 

Entre as categorias de cães, há os de serviço. Clara e Cristal, duas belas Golden Retriever brancas são cães de serviço e chamam a atenção por onde passam. Eu as conheci em um sábado com sol escaldante quando entrava no mercado Bolhão, no Porto (falarei mais sobre o lugar em futuro post).

Elas estavam com seus uniformes sinalizando serem cães de serviço e educadamente deitadas com suas guias seguras pelo dono, Ian Przewodowzki. Ian é brasileiro, neto de poloneses e morava no Rio de Janeiro antes de vir para o Porto – uma feliz coincidência comigo, brasileira,  neta de poloneses e com um caso de amor com o Rio desde que ali morei. 

Clara e Cristal chamam 
atenção por onde andam

Ian explica que tem uma deficiência auditiva e Clara é sua guia, enquanto Cristal auxilia como apoio emocional para a ansiedade de sua filha Ana Beatriz, de 25 anos. Comenta que eu gostaria de conhecer sua mulher, Ana Paula, também brasileira. Mais que depressa, a filha caçula Maria Antônia, de 8 anos, se oferece para chamar a mãe. Ana Paula chega e começamos a conversar descontraidamente. Conta que Clara e Cristal têm três anos e meio e que nasceram em Viseu, município do distrito do mesmo nome, onde mora seu pai que é português. Em seguida, ficaram três meses em treinamento nos Estados Unidos e depois foram residir com a família toda no Recreio dos Bandeirantes, bairro do Rio de Janeiro. O casal voltou com a filha caçula para Portugal em outubro de 2021. 

Ele ressalta que a lei portuguesa faculta ao dono de estabelecimento permitir ou não a entrada de cães de serviço, e muitos não permitem nem entrada nem permanência. Além disso, é proibida a permanência de cães de qualquer categoria em parques. Preconceito? Pode ser. Isso talvez explique o fato de tantos cães passearem com seus responsáveis nos passadiços próximos das praias. A convivência amigável com pets talvez ainda demore a mudar nessas terras portuguesas que estão recebendo muitos brasileiros e que chegam com seus cães e gatos. 

Na hora da foto, Clara sentiu o aroma dos petiscos frescos comprados ali por Ana Paula e não se sentava de jeito algum! Essa atitude lembrou-me o Spock tão querido nos momentos em que dava a patinha ao ouvir a gente falar: sit!... Após dicas sobre canis, e eu ter o telefone e e-mail anotados, nos despedimos, desejando mutuamente bons passeios. 

Então, quem sabe no próximo ano não acolheremos um pet?    

#pets #gaia #cãesdeserviço #pata #gatos #mudança 

sexta-feira, 2 de junho de 2023

É dia da criança! Você já brincou hoje?

Ensino levado a sério: esse é o passaporte para o futuro

É dia da criança! Você já brincou hoje?

Desde que aqui cheguei, caminho diariamente pelas ruas da freguesia de Canidelo, que reúne vários bairros. É um jeito ótimo de conhecer os arredores e me familiarizar com a vida por aqui. Hoje (1/6), ao caminhar na rua do Meiral, rumo à rua Bélgica (que merece um texto futuro), passei pela escola básica do Meiral decorada com balões, saudando o dia da criança, celebrado aqui em 1º de junho. Uma tenda chamou a atenção, expondo à venda algumas peças. É da APEM - Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola do Meiral.




Ensino de qualidade deve ser prioridade em qualquer país. Em Portugal, esse é assunto sério para pais, professores e alunos – os clientes finais dessa cadeia produtiva, se assim podemos chamar. O ensino é dado em escolas básicas (nosso 1ºgrau) e em escolas secundárias – essas equivalentes ao ensino médio brasileiro. O sistema de ensino de Portugal  tem um índice de alfabetização (2021) de 96,9% e na educação, ocupa o 41º lugar no mundo, com cerca de 1,614 milhão de estudantes.  

"Aqui na escola do Meiral, temos 12 turmas, sendo 8 do ensino básico (do 1º ao 4º ano) e 4 no jardim da infância (dos três aos seis anos)", explica Eduardo Gomes, vice-presidente da APEM". Mensalmente encontram-se com os pais de alunos para levantar temas de interesse. Depois se reúnem com os docentes e o coordenador da escola e depois mandam o resultado do encontro no grupo do WhatsApp. 

E a conversa segue animada quando falamos das diferenças de significados de palavras nos dois países. No Brasil, por exemplo, costumamos comprar durex em papelarias. Não corra esse risco por aqui. Durex é preservativo!

Alexandre Silva (no centro da foto abaixo) é o presidente da Associação e termina seu mandato no final desse ano letivo. Inspetor do Ministério da Economia e com uma filha de seis anos na escola, explica que a venda dos itens ali expostos ajuda a criarem experiências para as crianças, como hoje – no dia da criança, em que decoraram a escola e colocaram brinquedos de inflar no pátio. “Na Associação, buscamos criar experiências para as crianças. Se não fizéssemos isso, por exemplo, o dia da Criança ia passar em branco”. 



Venda dos itens com logo da Apem ajudam a promover experiências 



Ele conta que todas as escolas em Portugal são inclusivas e os alunos com dificuldades têm terapia ocupacional e terapia da fala, conforme o caso. Nessa escola – assim como algumas de Portugal, além de portugueses, há alunos vindos da Inglaterra, da Ucrânia, do Brasil e de outros países. Alexandre destaca que os brasileiros mostram muita habilidade para diferentes idiomas e se adaptarem. Isso é verdade. 

Minhas sobrinhas-netas chegaram com os pais há três anos e meio. Os primeiros tempos na escola não foram fáceis. Precisavam entender o idioma falado e escrito e assimilar o sistema. Hoje, explicam de forma clara como tudo funciona e opinam sobre mudanças no ano letivo, além de terem colegas que se tornaram amigos. Em setembro, Marina irá para o 9º ano – o último do ensino básico – e sua irmã Catarina ingressará no 10º ano, o primeiro do ensino secundário – equivalente ao nosso 2º grau – e que é dividido em cursos científicos ou humanísticos.  Qualquer semelhança com os antigos Cientifico ou Clássico que tínhamos no Brasil é pura verdade! 

Agora, fica a curiosidade em saber como a Escola do Meiral vai celebrar o Halloween e o magusto, festa popular que acontece em algumas datas específicas e que é comemorada com grupos de amigos e famílias reunidos em volta de uma fogueira onde são assadas castanhas ou bolotas (frutos de carvalhos, existentes em sua maioria no norte e no centro do país), com direito a cantorias e conversas. Eu já dei uma pequena contribuição, comprando uma caneca térmica com a logomarca da APEM!


#educação #apem #ensinoemPortugal #ensinobásico #Canidelo #Halloween #magusto